quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Tocando em Frente (Almir Sater)


"Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Que nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que seguir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir"

domingo, 19 de agosto de 2007

Senhas (Adriana Calcanhoto)


Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo a competência
Eu não ligo para etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
Eu compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem…

terça-feira, 10 de julho de 2007

Da Chegada do Amor (Elisa Lucinda)


*Essa sim sou eu de verdade, no mais íntimo do meu "eu". Cada palavra desses versos relata exatamente o que eu sinto e o que eu sou! Parece que foi escrito por mim....rsssssss.....


Sempre quis um amor que falasse

que soubesse o que sentisse.


Sempre quis uma amor que elaborasse

Que quando dormisse

ressonasse confiança no sopro do sono

e trouxesse beijo no clarão da amanhecice.


Sempre quis um amor que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice

entre menino e senhor

uma cachorrice

onde tanto pudesse a sem-vergonhice do macho

quanto a sabedoria do sabedor.


Sempre quis um amor cujo

BOM DIA!

morasse na eternidade de encadear os tempos:

passado presente futuro

coisa da mesma embocadura

sabor da mesma golada.


Sempre quis um amor de goleadas

cuja rede complexa do pano de fundo dos seres não assustasse.


Sempre quis um amor que não se incomodasse

quando a poesia da cama me levasse.


Sempre quis um amor que não se chateasse diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda

metade de mim rasga afoita o embrulho

e a outra metade é o futuro de saber o segredo que enrola o laço,

é observar o desenho do invólucro e compará-lo

com a calma da alma o seu conteúdo.

Contudo sempre quis um amor que me coubesse futuro

e me alternasse em menina e adulto

que ora eu fosse o fácil, o sério

e ora um doce mistério

que ora eu fosse medo-asneira

e ora eu fosse brincadeira

ultra-sonografia do furor,


Sempre quis um amor que sem tensa-corrida-de ocorresse.


Sempre quis um amor que acontecesse sem esforço

sem medo da inspiração por ele acabar.


Sempre quis um amor de abafar,

(não o caso)

mas cuja demora de ocaso

estivesse imensamente nas nossas mãos.

Sem senãos.


Sempre quis um amor com definição de quero

sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não à constituição dos séculos

que diz que o "garantido" amor é a sua negação.


Sempre quis um amor que gozasse

e que pouco antes de chegar a esse céu se anunciasse.


Sempre quis um amor que vivesse a felicidade

sem reclamar dela ou disso.


Sempre quis um amor não omisso

e que suas estórias me contasse.


Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

La Forza Della Vita


*É mais ou menos assim pra mim tb


Anche quando ci buttiamo via,

Per rabbia o per vigliaccheria,

per un amore inconsolabile

Anche quando in casa è il posto più invivibile

E piangi e non lo sai che cosa vuoi


Credi c'è una forza in noi amore mio,

Più forte dello scintillio,

di questo mondo pazzo e inutile

È più forte di una morte incomprensibilie

E di questa nostalgia che non ci lascia mai.


Quando toccherai il fondo con le dita

A un tratto sentirai la forza della vita,

che ti trascinerà con se,

Amore non lo sai, vedrai una via d'uscita c'è.


Anche quando mangi per dolore

E nel silenzio senti il cuore,

come un rumore insopportabile

E non vuoi più alzarti e il mondo è irraggiungibile

E anche quando la speranza oramai non ti basterà.


C'è una volontà che questa morte sfida

È la nostra dignità la forza della vita

Che non si chiede mai cos'è l'eternità

Anche se c'è chi la offende o chi la vende l'aldilà.


Quando sentirai che afferra le tue dita

La riconoscerai la forza della vita,

che ti trascinerà con se,

non lasciarti andare mai,

non lasciarmi senza te.


Anche dentro alle prigioni della nostra ipocrisia

Anche in fondo agli ospedali nella nuova malattia

C'è una forza che ti guarda e che riconoscerai

È la forza più testarda che c'è in noi

Che sogna e non si arrende mai


È la volontà, più fragile e infinita,

la nostra dignità{Amore mio}

è la forza della vita

Che non si chiede mai, cos'è l'eternità

Ma che lotta tutti i giorni insieme a noi,

finchè non finirà


Quando sentirai {La forza è dentro noi}

Che afferra le tue ditta {Amore mio prima o poi}

la riconoscerai, {La sentirai}

La forza della vita


Che ti trascinerà con se,

che sussurra intenerita:

"guarda ancora quanta vita c'è!"

sábado, 16 de junho de 2007

Dicas de filme

Os últimos dois filmes europeus que vi não são apenas bons, são ÓTIMOS!!!!
Me identifiquei com cada um deles: O ALBERGUE ESPANHOL e O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULAIN!
Que coisa psicótica é essa Amelie!!! E o pior é que eu sou igualzinha....huahauhauahuahauhau...
Muito bom mesmo!!!
E aquela república na Espanha...já passei por muita coisa parecida...rsss...
O negócio é que no decorrer do filme eu ia me descobrindo junto com o personagem!
EXCELENTE!!!!!

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Sou Você (Caetano Veloso)




Mar sob o ceú, cidade na luz

Mundo meu, canção que eu compus

Mudou tudo, agora é você

A minha voz que era da amplidão

Do universo, da multidão

Hoje canta só por você

Minha mulher, meu amor, meu lugar

Antes de você chegar, era tudo saudade

Meu canto mudo no ar

Faz do seu nome hoje o ceú da cidade

Lua no mar, estrelas no chão

A seus pés, entre as suas mãos

Tudo quer alcançar você

Levanta o sol do meu coração

Já não vivo, nem morro em vão

Sou mais eu porque sou você

domingo, 6 de maio de 2007

Como um Anjo (Cesar Menotti e Fabiano)


Como um anjo você apareceu na minha vida

Como um anjo repleto de ternura e de paixão

Como um anjo encanto e sedução, doce aventura

Que loucura você desabrochando no meu coração

Linda menina com olhar inocente, malícia, desejo e tentação

Que me cobre de amor e carícia vencendo a solidão

Só você pra me fazer feliz

Anjo, a luz do sol tá me acordando

Não vá embora estou te amando

Por favor não me deixe só

Anjo, não quero abrir meus olhos

Quero seguir vivendo um sonho de sermos só você e eu

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Não me Deixe Só (Vanessa da Mata)


Não me deixe só

Eu tenho medo do escuro

Eu tenho medo do inseguro

Dos fantasmas da minha voz


Não me deixe só

Tenho desejos maiores

Eu quero beijos intermináveis

Até que os olhos mudem de cor


Não me deixe só

Eu tenho medo do escuro

Eu tenho medo do inseguro

Dos fantasmas da minha voz


Não me deixe só

Que eu saio na capoeira

Sou perigosa, sou macumbeira

Eu sou de paz, eu sou do bem, mas...


Fique mais

Que eu gostei de ter você

Não vou mais querer ninguém

Agora que sei quem me faz bem

Não me deixe só


Que o meu destino é raro

Eu não preciso que seja caro

Quero gosto sincero de amor


Mas não me deixe só

Eu tenho medo do escuro

Eu tenho medo do inseguro

Dos fantasmas da minha voz

Não me deixe só

quarta-feira, 2 de maio de 2007

I Venti del Cuore (M. Bubola / P. Fabrizi)


Campi di lavanda e l'auto che va

dietro quei cipressi la strada piegherà

e passata la collina chissà

se la casa come un tempo mi apparirà

Ed ogni volta che ti penso eri là

quel sorriso in tasca largo ed incredulo

quanti bimbi e cani avevi intorno

e che chiasso di colori al tramonto ...

e i ricordi si confondono là dove non vorrei

le memorie poi s'increspano e non so più chi sei


E i venti del cuore soffiano

e gli angeli poi ci abbandonano

con la fame di volti e di parole

seguendo fantasmi d'amore

i nostri fantasmi d'amore


E mi sembrava quasi un'eternità

che non salivo scalzo sopra quel glicine

in penombra ti guardavo dormire

nei capelli tutti i nidi d'aprile ...

e le immagini si perdono

fermarle non potrei

e le pagine non svelano

chi eri e chi ora sei


E i venti del cuore soffiano

e gli angeli poi ci abbandonano

con la voglia di voci e di persone

seguendo fantasmi d'amore

i nostri fantasmi d'amore

seguiamo fantasmi d'amore

i nostri fantasmi d'amore

Encontrar Alguém (Marco Túlio, Lara e Rogério Flausino


Encontrar alguém

Encontrar alguém, que me dê amor

Da esquina eu vi o brilho dos teu olhos

Tua vontade de morrer de rir

Teus cabelos tentaram esconder

Mas vi tua boca feliz

Tua alma leve como as fadas

Que bailavam no teu peito

Tua pele clara como a paz

Que existe sim em todo sonho bom

Quis matar os seus desejos

Ver a cor dos teus segredos
E contar pra todo mundo
Do beijo que eu nunca esqueci

terça-feira, 1 de maio de 2007

Todas as Cartas de Amor são Ridículas (Fernando Pessoa com o heterônimo Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Disritimia (Martinho da Vila - interpretado por Zeca Baleiro)


Eu quero me esconder debaixo

dessa sua saia, pra fugir do mundo

Pretendo também me embrenhar

no emaranhado, desses seus cabelos

Preciso transfundir teu sange

pro meu coração, que é tão vagabundo

Me deixe te trazer num dengo

Pra num cafuné fazer os meus apelos

me deixe te trazer num dengo

Pra num cafuné fazer os meus apelos


Eu quero ser exorcisado

pela água benta, desse olhar infindo

Que bom é ser fotografado

mas pelas retinas dos seus olhos lindos

Me deixe hipnotizado

pra acabar de vez com essa disritimia


Vem logo, vem curar teu nego

que chegou de porre lá da boemia

Vem logo, vem curar

vem curar teu nego que chegou

que chegou de porre lá da bo...

Lá da Boemia

domingo, 29 de abril de 2007

Memórias de Minhas Putas Tristes (Gabriel Garcia Marquez)


Comecei a ler "Memórias de Minhas Putas Tristes", de Gabriel Garcia Marquez, depois digo se é bom.... só p dar um gostinho:


"No ano dos meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa e nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com sorriso maligno, você vai ver".

quarta-feira, 18 de abril de 2007

300


O rei Leônidas e seus 300 guerreiros lutam até a morte contra o exército persa. Dirigido por Zack Snyder (Madrugada dos Mortos) e com Gerard Butler, Rodrigo Santoro e Dominic West no elenco.

Frank Miller se inspirou na verdadeira Batalha de Termópilas, ocorrida na Grécia, para escrever "Os 300 de Esparta". Miller conheceu a história após assistir a Os 300 de Esparta (1962), quando ainda era criança.

Os 300 de Esparta: O rei Leonidas e Themistocles de Atenas planejam a união da Grécia, para combater a invasão do rei Xerxes. Porém para que isto ocorra Leonidas e sua guarda pessoal, composta por 300 guerreiros, precisam enfrentar primeiro o exército persa. Dirigido por Rudolph Maté (Trindade Violenta) e com Ralph Richardson no elenco.

domingo, 15 de abril de 2007

Mi Fido di Te (Lorenzo Jovanotti)


Case di pane, riunioni di rane

vecchie che ballano nelle chadillac

muscoli d'oro, corone d'alloro

canzoni d'amore per bimbi col frack

musica seria, luce che varia

pioggia che cade, vita che scorre

cani randagi, cammelli e re magi


forse fa male eppure mi va
di stare collegato
di vivere di un fiato
di stendermi sopra al burrone
di guardare giù
la vertigine non è paura di cadere
ma voglia di volare


mi fido di te

cosa sei disposto a perdere


Lampi di luce, al collo una croce

la dea dell'amore si muove nei jeans

culi e catene, assassini per bene

la radio si accende su un pezzo funky

teste fasciate, ferite curate

l'affitto del sole si paga in anticipo prego

arcobaleno, più per meno meno


forse fa male eppure mi va

di stare collegato

di vivere di un fiato

di stendermi sopra al burrone

di guardare giù

la vertigine non è paura di cadere

ma voglia di volare


mi fido di te

cosa sei disposto a perdere


rabbia stupore la parte l'attore

dottore che sintomi ha la felicità

evoluzione il cielo in prigione

questa non è un'esercitazione

forza e coraggio la sete il miraggio

la luna nell'altra metà

lupi in agguato il peggio è passato


forse fa male eppure mi va
di stare collegato
di vivere di un fiato
di stendermi sopra al burrone
di guardare giù
la vertigine non è paura di cadere
ma voglia di volare


mi fido di te

cosa sei disposto a perdere.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Mais Uma Vez (Fernanda Melo, Rogério Flausino e PJ


Te tenho com a certeza

De que você pode ir

Te amo com a certeza

De que irá voltar

Pra gente ser feliz

Você surgiu e juntos

Conseguimos ir mais longe

Você dividiu comigo a sua história

E me ajudou a construir a minha

Hoje mais do que nunca somos dois

A nossa liberdade é o que nos prende


Viva todo o seu mundo

Sinta toda liberdade

E quando a hora chegar, volta...

Que o nosso amor está acima das coisas...deste mundo


Vai dizer que o tempo

Não parou naquele momento

Eu espero, por você

O tempo que for

Pra ficarmos juntos

Mais uma vez

terça-feira, 10 de abril de 2007

Dormente II


O que fazer quando não há solução?

Encarar os sentimentos é colocar uma arma na cabeça

Mas fugir deles é apertar o gatilho


Tentar ser feliz! Mas como?

Vamos! Sacode essa vida!

Mas ela tá tão quebrada que sacudir vai só espalhar os pedaços


Então, o que fazer?!

Quanto mais tento, mais me enterro

Quanto mais procuro, cada vez mais me perco

E a cada vez mais te encontro


Então, sigo dormente

Coração, alma, sentimentos, corpo

Dormentes pelo cansaço


A saudade me faz companhia

E a ilusão me alimenta


Não nego que resta uma esperança

De um dia te ter de novo do meu lado

A esperança que o tempo passe

As feridas cicatrizem


E a brisa que sopra as cinzas

reascenda o fogo

E traga de volta tudo aquilo que

um dia me levou


Mas isso é só uma esperança

A ilusão que me alimenta

A saudade que me acompanha


Enquanto a brisa não vem

Caminho nesse vendaval,

em meio à tempestade


Mas não sinto a chuva

Nem as rajadas de vento

Sigo dormente...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Dormente I


As luzes se apagaram

A música acabou

Só resta a sujeira e os restos

do que foi uma linda festa.


Não há mais a alegria

Nem as cores

Tudo o que quero é descansar


Dormir um sono profundo

Ao menos através dele eu posso ter de volta

O encanto, a música

As luzes, as cores


Sinto falta da empolgação

De fazer planos

E como é que se vive então?


Sigo na vida dormente

Olhando tudo em preto e branco

Passo de dançarina à platéia

De artista à expectador (com "x" mesmo)


Assisto a vida dos outros

E retiro a minha de cena

Tudo se torna mecânico


Não existe mais razão

Não existe mais sentido

O que resta são só lembranças....


As lembranças daquela festa

Uma festa que durou muito tempo

Mas agora se acabou...


E junto com ela minha alma...

Meu brilho se apagou.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Usem Filtro Solar (Mary Theresa Schmich)


Se eu pudesse dar um conselho em relação ao futuro, diria: "Usem filtro solar."

Os benefícios, a longo prazo, do uso do filtro foram cientificamente provados.

Os demais conselhos que dou baseiam-se unicamente em minha própria experiência.

Eis aqui um conselho:

Desfrute do poder e da beleza de sua juventude.

Oh, esqueça.

Você só vai compreender o poder e a beleza da sua juventude quando já tiverem desaparecido.

Mas, acredite em mim.

Dentro de vinte anos, você olhará suas fotos e compreenderá, de um jeito que não pode compeender agora, quantas oportunidades se abriram pra você.

Era realmente fabuloso.

Você não é tão gordo quanto você imagina.

Não se preocupe com o futuro.

Ou se preocupe, se quiser, sabendo que a preocupação é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra mascando chiclete.

É quase certo que os problemas que realmente têm importância em sua vida são aqueles que nunca passaram por sua mente, tipo aqueles que tomam conta de você as quatro da tarde, em alguma terça-feira ociosa.

Todos os dias faça alguma coisa que seja assustadora.

CANTE!

Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável.

Não tolere aqueles que agem de forma irresponsável em relação a você.

RELAXE!

Não perca tempo com a inveja.

Algumas vezes você ganha, algumas vezes perde.

A corrida é longa e, no final, tem que contar só com você.

Lembre-se dos elogios que recebe.

Esqueça os insultos. (Se conseguir fazer isso, me diga como).

Guarde suas cartas de amor.

Jogue fora seus velhos extratos bancários.

ESTIQUE-SE!

Não tenha sentimento de culpa se não sabe muito bem o que quer da vida.

As pessoas mais interessantes que eu conheço não tinham, aos vinte e dois anos, nenhuma idéia do que fariam na vida.

Algumas pessoas interessantes de quarenta anos que conheço ainda não sabem.

Tome bastante cálcio.

Seja gentil com seus joelhos.

Você sentirá falta deles quando não funcionarem mais.

Talvez você se case, talvez não.

Talvez tenha filhos, talvez não.

Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance uma valsinha quando fizer setenta e cinco anos de casamento.

O que quer que faça, não se orgulhe nem se critique demais.

Todas as suas escolhas tem cinqüenta por cento de chance de dar certo.

Como as escolhas de todos os demais.

Curta seu corpo da maneira que puder.

Não tenha medo dele ou do que as outras pessoas pensem dele.

Ele é seu maior instrumento.

DANCE!

Mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar.

Leia todas as indicações mesmo que você não as siga.

Não leia revistas de beleza.

A única coisa que elas fazem é mostrar você como uma pessoa feia.

Saiba entender seus pais.

Você nunca sabe a falta que vai sentir deles.

Seja agradável com seus irmãos.

Eles são seu melhor vínculo com seu passado e aqueles que, no futuro, provalvelmente nunca deixarão você na mão.

Entenda que amigos vão e vem, mas que há um punhado deles, preciosos, que você tem que guardar com carinho.

Trabalhe duro para transpor os obstáculos geográficos e da vida, porque quanto mais você envelhece tanto mais precisa das pessoas que conheceram você na juventude.

More em Nova York, mas mude-se antes que a cidade transforme voce em uma pessoa dura.

More no Norte da Califórnia, mas mude-se antes de tornar-se uma pessoa muito mole.

VIAJE!

Aceite certas verdades eternas:

os preços sempre vão subir; os políticos são todos mulherengos; você também vai envelhecer.

E quando envelhecer, vai fantasiar que quando era jovem, os preços eram acessíveis, os políticos eram nobres de alma e as crianças respeitavam os mais velhos.

Respeite as pessoas mais velhas.

Não espere apoio de ninguém.

Talvez você tenha uma boa aposentadoria.

Talvez voce tenha um cônjuge rico.

Mas, você nunca sabe quando um outro ou outro podem desaparecer.

Não mexa muito em seu cabelo.

Senão, quando tiver quarenta anos, vai ficar com a aparência de oitenta e cinco.

Tenha cuidado com as pessoas que lhe dão conselhos, mas seja paciente com elas.

Conselho é uma forma de nostalgia.

Dar conselho é uma forma de resgatar o passado da lata do lixo, limpá-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço maior do que realmente vale.

Mas, acredite em mim quando falo do filtro solar.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Momento


E agora ele sobrevoa o céu de estrelas

ao leve sopro do mar litorâneo

que o faria lembrar do seu povo

mesmo que triste, breve e momentâneo


saudade do barulho da brisa no campo

uma falta sem lógica do risco das aves

até o céu ficara mais alto

e as estrelas mais misteriosas que nunca


a exatidão dos seus passos o levara pra sempre

seus ensinamentos findaram assim

o toque do metal, o cheiro do sangue

e, o mais profundo, o olhar de um condenado


de coisas como essas é feita a vida

de coisas mais tristes a de um ronin

mas ele sabe, ele não se importa

ele só acredita se puder tocar

domingo, 1 de abril de 2007

Lembranças


Todos os dias que completo sem te ver

sempre que retorno do cansaço

deito-me onde deveria estar você

e quase que te sinto do meu lado


Quase posso te ouvir a respirar

invitável me lembro que podia

e reparo o tempo a caminhar

e de como já foi longo esse dia


aquele som virava cheiro de tão leve

e perfumava todo o ar que nos cobria

e me deixava sufocado mas alegre


e sufocado de paixão permanecia

o desejo e o amor a flor da pele

que o mais certo dos sentidos confundia

sábado, 31 de março de 2007

Espelho


Sou só um garoto

cheio de dúvidas

metido a perfeito


te vejo brilhando

e chamo pra dança

te escolho pra espelho


Não gosto de mim

sou falho, sou homem

e tu linda mulher


prefiro te ver

ter de mim meu amor

e o que mais tu quiser


mas a grande questão

mais do que a vida

e mais do que a morte


é não saber o porque

de um garoto confuso

merecer tanta sorte


de te ter só pra mim

de contigo dormir

e contigo acordar


e de sorrir e sofrer

por te amar e poder

por ti sonhar e esperar

sexta-feira, 30 de março de 2007

Saudades


Sinto falta, saudades

Saudades dos seus lábios

Do seu nariz, que muitas vezes me fez esquimó

Sinto falta,

Todos os dias dessas longas semanas que passo

Desses longos dias que não passam

Que não passam de distração

Só para eu me esquecer de você

Do seu olhar seguro

Que se desaba em sorrisos

Sempre de cinco em cinco segundos

Do seu corpo grandioso, todo

Das suas pernas e braços fortes

Da sua pele lisa e linda

De se ver e de tocar

Do seu pé, que gosta do meu

Do seu arrepio, daqueles beijos

Naqueles lugares só nossos

Da sua barriguinha que eu adoro

Mas não dá, não adianta

Eu não me esqueço, mas sinto falta

Saudade, falta

Falta você nos meus dias

Falta seu pé, seu sorriso

Só não falta a sua voz

Até a sua voz...

Que não me canso de ouvir

De me orgulhar, de contar aos amigos

Só tenho a sua voz nos meus dias

Sua voz e o frio na barriga

Ai que saudades do seu pé...

terça-feira, 27 de março de 2007

Namorados




Quisera eu sentir teus lábios dia a dia


quisera ter a tua pele neste ensejo


como um poeta faz da vida poesia


faria deles, juntos aos meus, em um só beijo




percorreria com astúcia a tão macia


encontraria tua mão para um cortejo


e se, enfim, conquistasse a primazia


conquistaria esse meu máximo desejo




então me deito toda noite em pensamento


sonhos de descontentamento


e um dia inteiro a lamentar




a saudade que não cessa, só aumenta


eu te amo e esse amor me alimenta


eu te amo e o que eu mais quero é te amar.


Pessoa Errada (Luiz Fernando Veríssimo)


Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.

Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.

Porque a pessoa certa faz tudo certinho.

Chega na hora certa,

Fala as coisas certas,

Faz as coisas certas,

Mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.

Aí é a hora de procurar a pessoa errada.

A pessoa errada te faz perder a cabeça

Fazer loucuras

Perder a hora

Morrer de amor

A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar

Que é pra na hora que vocês se encontrarem

A entrega ser muito mais verdadeira

A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa

Essa pessoa vai te fazer chorar

Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas

Essa pessoa vai tirar seu sono

Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível

Essa pessoa talvez te magoe

E depois te enche de mimos pedindo seu perdão

Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado

Mas vai estar 100% da vida dela esperando você

Vai estar o tempo todo pensando em você.

A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo

Porque a vida não é certa

Nada aqui é certo

O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo.

Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo,conseguindo.

E só assim é possível chegar àquele momento do dia

Em que a gente diz:

"Felizmente deu tudo certo "

Na verdade é o que precisamos:

Encontrar a pessoa errada

Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito....

segunda-feira, 26 de março de 2007

Mil Pedaços (Renato Russo)


Eu não me perdi e mesmo assim você me abandonou

Você quis partir e agora estou sozinho

Mas vou me acostumar com o silêncio em casa

com um prato só na mesa

Eu não me perdi o Sândalo perfuma o machado que feriu

Adeus adeus adeus meu grande amor

E tanto faz de tudo o que ficou guardo um retrato teu

E a saudade mais bonita

Eu não me perdi e mesmo assim ninguém me perdoou

Pobre coração - quando o teu estava comigo era tão bom.

Não sei por quê acontece assim e é sem querer

O que não era pra ser:

Vou fugir dessa dor.

Meu amor, se quiseres voltar - volta não

Porque me quebraste em mil pedaços.

domingo, 25 de março de 2007

Mesmo Sozinho (Nando Reis)


Uh... baby!

Porque você foi pra tão longe?

Não precisava tanto

Bastava só não telefonar


Uh... baby, baby, baby, baby!

O que aconteceu?

O ar não foi suficiente?

Você não viu, você sumiu

Mudou de lugar

No mais, estou vivendo normalmente

Não vou ficar pensando

Se tivesse sido o contrário


Estou feliz

Mesmo sozinho

Esse silêncio é paz

Nesse momento cai

Uma forte chuva

E quem vai ficar chorando?


Uh... baby!

Sabe do que eu sinto saudades?

Do seu sorriso de manhã

E do quarto tão desarrumado


Uh... baby, baby!

Saiba que eu gosto muito de você

Espero que esteja feliz

E bem acompanhada


Normal, estou vivendo, simplesmente

Não vou ficar pensando

Se tivesse sido contrário


Eu estou feliz

Mesmo sozinho

Esse silêncio é paz

Nesse momento cai

Uma forte chuva

Quem vai ficar chorando?

Luz do Sol (Fa-tal Gal a Todo Vapor)


Música-Tema da Bartucada e do Carnaval de Diamantina.... BOM DEMAIS!!!! Muitos não sabem de onde veio o famoso refrão tão cantado:

"Eu sou o Sol, ela é a Lua

Quando eu chego em casa

Ela já foi pra rua - 'vagabunda' (p os homens) ou 'ela tá certa' (p as mulheres)"

Bem, pra quem não sabe, aí vai, grande Gal Costa, composição de Carlos Pinto:


"Desta vez você chegou e arrebatou

Alegria e calma do meu lar

Desta vez você chegou e arrebatou

Alegria e calma do meu lar


Quando estiver assim não me apareça

Saia desapareça

Não me chegue assim desapareça

Saia desapareça da minha vista


Apareça como a luz do sol

Batendo na porta do meu lar

Apareça como a luz do sol

Batendo na porta do meu lar


Quero ver de novo a luz do sol

Quero ver de novo a luz do sol

Que me brilha ascende

Aquece e me queima

Batendo na porta do meu lar


Eu sou o sol

Ela é a lua

Quando eu chego em casa

Ela já foi pra rua


Quero ver de novo a luz do sol

Quero ver de novo a luz do sol

Quero ver de novo a luz do sol

Quero ver de novo a luz do sol"

Amei-te e por te Amar... (Fernando Pessoa)


Amei-te e por te amar

Só a ti eu não via...

Eras o céu e o mar,

Eras a noite e o dia...

Só quando te perdi

É que eu te conheci...


Quando te tinha diante

Do meu olhar submerso

Não eras minha amante...

Eras o Universo...

Agora que te não tenho,

És só do teu tamanho.


Estavas-me longe na alma,

Por isso eu não te via...

Presença em mim tão calma,

Que eu a não sentia.

Só quando meu ser te perdeu


Vi que não eras eu.

Não sei o que eras. Creio

Que o meu modo de olhar,

Meu sentir meu anseio

Meu jeito de pensar...

Eras minha alma, fora

Do Lugar e da Hora...


Hoje eu busco-te e choro

Por te poder achar

Não sequer te memoro

Como te tive a amar...

Nem foste um sonho meu...

Porque te choro eu?


Não sei...

Perdi-te, e és hoje

Real no [...] real...

Como a hora que foge,

Foges e tudo é igual

A si-próprio e é tão triste

O que vejo que existe.


Em que és [...] fictício,

Em que tempo parado

Foste o (...) cilício

Que quando em fé fechado

Não sentia e hoje sinto

Que acordo e não me minto...


[...] tuas mãos, contudo,

Sinto nas minhas mãos,

Nosso olhar fixo e mudo

Quantos momentos vãos

Pra além de nós viveu

Nem nosso, teu ou meu...


Quantas vezes sentimos

Alma nosso contacto

Quantas vezes seguimos

Pelo caminho abstrato

Que vai entre alma e alma...

Horas de inquieta calma!


E hoje pergunto em mim

Quem foi que amei, beijei

Com quem perdi o fim

Aos sonhos que sonhei...

Procuro-te e nem vejo

O meu próprio desejo...


Que foi real em nós?

Que houve em nós de sonho? De que

Nós fomos de que voz

O duplo eco risonho

Que unidade tivemos?

O que foi que perdemos?


Nós não sonhamos.

Eras Real e eu era real.

Tuas mãos - tão sinceras...

Meu gesto - tão leal...

Tu e eu lado a lado...

Isto... e isto acabado...


Como houve em nós amor

E deixou de o haver?

Sei que hoje é vaga dor

O que era então prazer...

Mas não sei que passou

Por nós e acordou...


Amamo-nos deveras?

Amamo-nos ainda?

Se penso vejo que eras

A mesma que és... E finda

Tudo o que foi o amor;

Assim quase sem dor.


Sem dor...

Um pasmo vago

De ter havido amar...

Quase que me embriago

De mal poder pensar...

O que mudou e onde?

O que é que em nós se esconde?


Talvez sintas como eu

E não saibas senti-o...

Ser é ser nosso véu

Amar é encobri-o,

Hoje que te deixei

É que sei que te amei...


Somos a nossa bruma...

É pra dentro que vemos...

Caem-nos uma a uma

As compreensões que temos

E ficamos no frio

Do Universo vazio...


Que importa?

Se o que foi

Entre nós foi amor,

Se por te amar me dói

Já não te amar, e a dor

Tem um íntimo sentido,

Nada será perdido...


E além de nós, no Agora

Que não nos tem por véus

Viveremos a Hora

Virados para Deus

E n'um (...) mudo

Compreenderemos tudo.

sábado, 24 de março de 2007

"Northern Lad" (Tori Amos)


Had a northern lad

Well not exactly had

He moved like the sunset

God who painted that

First he love my accent

How his knees could bend

I thought we'd be ok

Me and my molasses

But I feel someting is wrong

But I fell this cake just isn't done

Don't say that you Don't

And if you could see me now

Said if you could see me now

Girls you've got to know

When it's time to turn the page

When you're only wet

Because of the rain

He don't show much these days

It's gets so fucking cold

I loved his secret places

But I can't go anymore

"you change like sugar cane"

Says me northern lad

I guess you go too far

When pianos try to be guitars

I feel the west in you

And I feel it falling apart too

Don't say that you Don't

And if you could see me now

Said if you could see me now

Girls you've got to know

When it's time to turn the page

When you're only wet

Because of the rain

When you're only wet

Because of the rain

sexta-feira, 23 de março de 2007

Ilusões da Vida


Será que alguém sentirá minha falta?

Será que alguém irá chorar por mim?

Nos momentos de alegria, lembrar o quanto eu gostaria de estar presente

E nos momentos de tristeza, pensar em o quanto era feliz em minha companhia?

Será que eu estarei em algum coração como um bom pensamento?

Será que eu trarei lágrimas a alguém?

Não lágrimas de uma cicatriz aberta, mas lágrimas de uma lembrança gostosa,

Dessas que agente gostaria de viver de novo,

E sabe que nunca mais poderá;

Lembranças de momentos pequenos e inesquecíveis,

Que apertam o coração e trazem a tal lágrima aos olhos,

só no pensar!

Nesses tropeços que é a vida,

Com certeza lembrarei muito,

Muita gente,

Muitos momentos,

Pequenos enrolos,

Grandes paixões,

Encontros e desencontros,

Amigos...

Mas será que serei lembrada por alguém?

Ou simplesmente passei em branco pela vida de todos com quem cruzei,

Ou simplesmente passei em branco pela vida daqueles que lembrarei?

Será que ajudarei a escrever a história da vida de alguém?

Ou serei apenas uma lembrança ruim, que alguns preferem esquecer?

Será alguém lembrará meus gostos,

Meus defeitos,

Minhas qualidades,

Minha forma de viver e sentir?

Ou será que o que eu vivi foi pouco e o que eu senti...

pura ilusão?

No Elevador do Filho de Deus (Elisa Lucinda)

(Em homenagem a Amelie Poulain...rssss.... fala moça...deu corda, agora ja era...rsss...bjs)

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.